Estudos recentes conduzidos por pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Copenhague revelaram descobertas surpreendentes sobre a origem do beijo e seu papel na transmissão de doenças. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (18) na revista Science.
Apesar de estudos anteriores sugerirem que o beijo labial humano surgiu há cerca de 3.500 anos no sul da Ásia, as novas pesquisas revelaram que as origens do beijo remontam a pelo menos 4.500 anos na antiga Mesopotâmia.
Origem do beijo: prática já existia na civilização mesopotâmica
Troels Pank Arbøll, especialista em história da medicina na Mesopotâmia e co-líder do estudo, relatou que a civilização mesopotâmica foi uma das primeiras culturas humanas a surgir entre os rios Eufrates e Tigre, localizados atualmente nas regiões do Iraque e Síria, e que sua população já marcava tabuletas de argila com escrita cubeiforme.
“Muitos milhares dessas tabuletas de argila sobreviveram até hoje e contêm exemplos claros de que o beijo era considerado parte da intimidade romântica nos tempos antigos, assim como o beijo poderia fazer parte das amizades e das relações familiares”, enfatiza.
Ainda segundo Troels, essas descobertas ampliam ainda mais o entendimento sobre a prática do beijo, que agora se estabelece como uma prática cultural enraizada em diferentes civilizações antigas ao longo de milênios.
Sophie Lund Rasmussen, coautora do artigo, destaca ainda que pesquisas sobre os parentes mais próximos dos seres humanos, como bonobos e chimpanzés, já revelaram que essas espécies também praticam o ato de beijar.
Conforme ela, “isso sugere que o comportamento do beijo é fundamental nos seres humanos, o que pode explicar sua presença em diversas culturas”.
O beijo pode ter ajudado na propagação de doenças?
Além de revelar as origens antigas do beijo, os pesquisadores também investigaram a possível relação entre o beijo e a transmissão de doenças. Embora não haja evidências conclusivas, os estudos sugerem que o beijo pode ter SIM facilitado involuntariamente a disseminação de micro-organismos e vírus entre os seres humanos.
Embora alguns pesquisadores tenham proposto que o beijo acelerou a propagação do vírus herpes simplex, os estudiosos alertam que as informações médicas da Mesopotâmia, que fazem referência a sintomas semelhantes, devem ser interpretadas com cautela devido às influências culturais e religiosas presentes nos textos.
“Se beijar era uma prática difundida e bem estabelecida em várias sociedades antigas, o impacto do beijo em termos de transmissão de patógenos provavelmente foi relativamente constante”, acrescentou Rasmussen.
De modo geral, essa descoberta traz um impacto significativo em nosso entendimento da história e da cultura humana, mostrando que beijo é uma expressão de afeto e intimidade que atravessa culturas e gerações, desempenhando um papel importante nas interações humanas.
“O debate sobre o beijo como vetor de transmissão de doenças ilustra os benefícios de uma abordagem interdisciplinar para produzir uma representação holística da transmissão histórica de doenças por meio de interações sociais”, concluem.