A polêmica envolvendo a água radioativa de Fukushima, que começou em 2022, ganhou novos contornos nos últimos dias com o aval da agência nuclear da ONU (AIEA) para que o Japão volte a despejar o líquido contaminado no mar.
O plano aprovado pelo Japão, em 2022, prevê que mais de um milhão de toneladas de água contaminada com trítio, césio e outros radionuclídeos sejam liberadas gradualmente no oceano, por várias décadas, após passarem por um processo de filtragem.
O líquido em questão é oriundo de chuva, águas subterrâneas e das injeções de água feitas para resfriar os núcleos de vários reatores nucleares derretidos de Fukushima.
As autoridades japonesas, assim com o a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmam que a água não trará consequências para as pessoas e nem para os animais. O que não impede que o plano seja contestado por países vizinhos, comunidades pesqueiras da região e organizações ambientais, entre outros.
Segundo a AIEA, o lançamento da água no oceano “terá um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente”.
Em julho do ano passado, quando o Japão aprovou o projeto sobre a água radioativa de Fukushima, tanto a Coréia do Sul como a China deixaram bem claro suas posições contrárias sobre a proposta. Na ocasião, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, inclusive, deu uma declaração ameaçadora sobre a decisão.
“SE O JAPÃO CONTINUAR A COLOCAR SEUS PRÓPRIOS INTERESSES ACIMA DO INTERESSE GERAL INTERNACIONAL, SE INSISTIR EM DAR ESTE PASSO PERIGOSO, COM CERTEZA PAGARÁ O PREÇO POR SEU COMPORTAMENTO IRRESPONSÁVEL E DEIXARÁ UMA MANCHA NA HISTÓRIA”, DISSE WENBIN.
A água radioativa de Fukushima
Até o momento, a água de Fukushima contaminada com trítio vem sendo armazenada em mais de mil tanques que foram instalados ao redor da usina. No entanto, logo eles estarão saturados.
O trítio é um radionuclídeo que não pode ser eliminado pelas tecnologias atuais e o Japão já pratica sua diluição no mar.
De acordo com alguns cientistas, ele só é perigoso para os seres humanos em doses altamente concentradas, ou seja, no caso de Fukushima, ele não fará mal porque será despejado aos poucos, ao longo das décadas, e irá se diluir no mar.
Por outro lado, alguns estudiosos afirmam que o impacto da exposição prolongada e de baixa dose a radionuclídeos é desconhecido e é preciso ter cautela.
Usina de Fukushima
A Usina de Fukushima Daiichi é um problema para os japoneses desde 2011, quando o país foi atingido por um terremoto e um tsunami que causaram um acidente nuclear no local. Na época, reatores explodiram e um raio de 20 km ao redor da usina foi evacuado com urgência devido às partículas radioativas que se espalharam.
Desde então, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), que administra a usina, precisa usar diariamente uma grande quantidade de água para resfriar os reatores que foram danificados após as explosões e evitar novos acidentes.