Yevgeny Prigozhin, fundador e líder do Grupo Wagner, teria traído Vladimir Putin ao oferecer a posição de soldados russos para a Ucrânia. Segundo o jornal Washington Post, Prigozhin propôs um acordo no qual o presidente Volodymyr Zelensky deveria retirar seus soldados dos arredores de Bakhmut, cidade ucraniana, em troca da informação privilegiada.
A proposta foi descoberta a partir de documentos sigilosos, supostamente do governo americano, que foram vazados em abril deste ano.
A oferta teria sido feita em janeiro, quando soldados do grupo mercenário morriam em grande volume em Bakhmut, que há meses é o epicentro da guerra. Segundo a reportagem, na ocasião, o líder do Grupo Wagner propôs trair a Rússia em conversas com seus contatos da inteligência da Ucrânia.
Também conforme o Post, dois funcionários do governo da Ucrânia confirmaram que Prigozhin esteve em contato com o diretório da inteligência. Um deles chegou a afirmar que o líder dos mercenários fez a proposta mais de uma vez, mas que os ucranianos não confiaram nela.
Detalhes de quais grupos seriam entregues por Prigozhin, no entanto, não foram divulgados, mas fica claro que não seriam as de membros do Wagner, mas sim de integrantes do exército russo. Também não se sabe qual foi a reação de Putin ao saber da suposta traição.
No início deste mês, Prigozhin ameaçou abandonar as posições do grupo paramilitar em Bakhmut, caso a Rússia não mandasse munição para seus homens.
Vale destacar que ele mantém uma relação conturbada com as Forças Armadas russas, a qual não vê com bons olhos o protagonismo dos mercenários na invasão na Ucrânia, no entanto, sempre foi um grande aliado e até amigo pessoal de Putin.
Ainda conforme o Washington Post, os mesmos materiais vazados mostram que o presidente ucraniano tem planejados ataques em território russo e, para isso, Zelensky teria interesse em obter mísseis de longo alcance.
Além disso, os relatórios “revelam um líder [Zelensky] com instintos agressivos que contrasta veementemente com sua imagem pública de estadista calmo e estoico”, afirma o Washington Post.
No fim de abril, o líder do Grupo Wagner virou notícia após afirmar que não pretendia mais fazer prisioneiros na Ucrânia, mas sim, “destruir tudo no campo de batalha” e “matar todos”.
A declaração do oligarca russo foi feita após a divulgação de uma gravação em que supostos militares ucranianos discutem a execução de um combatente contratado pelo Grupo Wagner, feito prisioneiro.
A resposta do fundador do Grupo Wagner foi publicada por seu serviço de imprensa no Telegram, no dia 23 daquele mês.
“Não sabemos o nome do nosso homem ferido que foi abatido por miseráveis ucranianos. Mas vamos matar todos no campo de batalha. Quando você faz um prisioneiro, você começa a cuidar dele, você o cura, você não o machuca, e você o manda para casa depois de um tempo de negociações”, disse Prigozhin, em mensagem de áudio.
