Uma mulher que matou o homem que a estuprou foi condenada a seis anos de prisão na cidade de Nezahualcóyotl, no estado central do México. Para a juíza responsável pelo caso houve “excesso de legítima defesa”.
A magistrada que sentenciou Roxana Ruiz Santiago, de 23 anos, na última segunda-feira (15), ainda afirmou que “bater na cabeça do homem teria sido suficiente para se defender” e a condenou a também indenizar a família do homem em 285 mil pesos (cerca de R$ 80 mil).
Roxana é indígena Mixtec de Oaxaca e tem um metro e meio de altura. Antes do caso que a mandou para a cadeia acontecer, ela foi casada com o pai de sua filha, que batia nela, pegava o dinheiro que ela ganhava no trabalho e a isolava da família.
A situação ocorreu em 2021, quando a jovem estava na rua com seu carrinho de batatas fritas e algumas mulheres que trabalhavam nas proximidades a chamaram para tomar cerveja.
Conforme Roxana, ela tomou uma cerveja e resolveu ir para casa quando um homem que ela conhecia de vista se aproximou e insistiu em levá-la. Chegando lá, ele pediu para passar a noite em sua residência porque “já era tarde e estava longe de onde morava”.
Ruiz explica que concordou por medo e arrumou um colchão no chão para ele dormir. No entanto, enquanto ela dormia, ele subiu em sua cama, bateu nela, arrancou suas roupas, a estuprou e ameaçou matá-la.
Ela afirma que em certo momento, ao perceber que ele estava distraído, usou uma camiseta para sufocá-lo, os dois caíram no chão e o agressor bateu a cabeça. “Acordei e esse cara estava em cima de mim com a calça e a cueca abaixadas. E eu, bem, a única coisa que fiz foi me livrar disso, me defender e sair viva”, contou Roxana ao jornal ‘El País’.
Ainda conforme a vítima, ao ver que o homem estava morto, ela entrou em pânico, colocou o corpo em em uma saco e arrastou-o para a rua, onde foi presa pela polícia.
Após ser condenada, a mulher que matou o estuprador declarou estar desapontada com o sistema de Justiça de seu país. “Sinto-me triste, desapontada com a justiça. Se eu não tivesse me defendido, seria eu quem estaria morta”, desabafou a jovem.
Desde o início da investigação feita pelo Ministério Público, a defesa de Roxana denunciou várias irregularidades, entre elas, o fato de não ter sido solicitado nenhum tipo de exame que comprovasse o estupro. Um policial também chegou a dizer que ela deveria confessar que “primeiro quis e depois não quis mais”.
A decisão da juíza causou polêmica no México, onde são registrados cerca de 11 assassinatos de mulheres todos os dias. Em 2022, 3.754 foram mortas, das quais 947 foram registradas como vítimas de feminicídio.
O advogado que representa a jovem afirmou que irá recorrer à sentença.