Após quase três anos, o Caso Rafael Winques teve seu desfecho. A mãe do menino de 11 anos, Alexandra Dougokenski foi condenada a 30 anos e dois meses de prisão pela morte do filho. O crime ocorreu em maio de 2020, em Planalto, no Norte do Rio Grande do Sul.
Ela foi considerada culpada pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.
Durante o julgamento, Alexandra Dougokenski culpou Rodrigo Winques, seu ex-marido, pela morte. “Me disse a todo momento que, se eu contasse alguma coisa, ele ia voltar e matar toda a minha família”, afirmou ela.
A defesa de mãe no Caso Rafael sustenta que o responsável pela morte do menino foi o pai e que ele teria mentido sobre onde estava no dia do assassinato. Jean Severo, advogado da ré, declarou que deve recorrer da decisão e pedir a anulação do júri popular, que durou três dias.
Na época do crime, Alexandra já estava separada de Winkes e namorava outro homem. O ex-marido vivia em Bento Gonçaves, na Serra Gaúcha.
Segundo a acusação, ela premeditou o crime, drogou o filho com Diazepam e o estrangulou com uma corda de varal. A polícia encontrou pesquisas sobre estrangulamento no celular da mãe durante a investigação.
Recentemente, a Justiça de Farroupilha, também no Rio Grande do Sul, acatou um pedido do Ministério Público e determinou que a Polícia Civil reabra a investigação sobre a morte do ex-marido de Alexandra Dougokenski.
José Dougokenski foi encontrado morto em 2007 e o caso foi concluído como suícido. No entanto, após o Caso Rafael, a família do homem passou a acreditar que ele possa ter sido assassinado.
Relembre o Caso Rafael
Em 15 de maio de 2020, o Caso Rafael foi aberto depois da mãe declarar que o menino desapareceu durante a noite. Ela afirmou que quando acordou o filho não estava em seu quarto.
Em 20 de maio, Alexandra Dougokenski concedeu uma entrevista e pediu ajuda para descobrir o paradeiro do filho. No mesmo dia, o corpo de Rafael foi localizado, por volta das 17h30, em uma casa vizinha à residência da família. O imóvel estava desocupado e o menino foi encontrado na garagem.
Conforme Nadine Anflor, chefe de Polícia Civil, na ocasião, a mãe confessou que deu um medicamento para o filho por achar que ele estava muito nervoso e que a dose acabou tirando sua vida. Assustada, ela teria então enrolando o corpo em um lençol e arrastado, com ajuda de fios, até a casa ao lado.
No entanto, no dia seguinte, o exame de necropsia apontou que a causa da morte de Rafael Winques foi asfixia mecânica por estrangulamento. Além disso, as análises também revelaram que a quantidade de remédio do sangue da vítima era insuficiente para matá-la.
Em junho, ela admitiu ter estrangulado o filho ao ser confrontada com inconsistências comprovadas na reconstituição do crime. O delegado Eibert Moreira Neto falou sobre o novo depoimento na época:
“Após já ter repreendido ele pelo fato de estar passando diversas noites em claro mexendo no celular, fato que já vinha incomodando, ela resolveu ministrar o remédio para que ele dormisse”, disse o delegado.
Ele ainda completou:
“Ela foi pra cama e por volta das 2h acordou e viu que ele ainda estava acordado mesmo após ter tomado o medicamento. Naquele momento, ela perdeu o controle da situação e resolveu de fato estrangular ele.”
Em dezembro do mesmo ano, ela mudou a versão e passou a acusar o ex-marido, Rodrigo Winke. Na época, Alexandra Dougokenski declarou que ao colocar Rafael para dormir, ele havia afirmado que o pai iria visitá-lo naquela noite. A localização do celular do pai de Rafael apontou que ele estava em Bento Gonçalves no momento do crime.