Uma mulher que negou sexo ao marido acabou esfaqueada pelo homem e morreu no hospital na última terça-feira (4). Michele Vila Pinto, de 33 anos, estava internada desde o dia 16 de março, data em que foi atacada por Rodrigo Almeida Neves Pinheiro, de 44 anos. O crime aconteceu em Queimados, na Baixada Fluminense (RJ).
No dia em que Michele foi esfaqueada pelo companheiro, ela estava dormindo junto com a filha de 1 anos e 6 meses. Na ocasião, o homem tentou ter relações sexuais com a esposa e não aceitou o fato de ela negar.
De acordo com a filha adolescente da vítima, ela ouviu gritos vindos do quarto da mãe e quando entrou no cômodo se deparou com Michele caída no chão toda ensanguentada, enquanto a irmã chorava sentada na cama.
A cunhada da vítima contou que enquanto tentava socorrer Michele, ela conseguiu contar que negou sexo ao marido e, por isso, foi esfaqueada. Segundo o relato da mulher, logo após ela dizer que não, o homem começou a desferir as facadas, parando apenas quando a faca ficou presa em seu pescoço.
“Ela estava deitada no chão e dizendo: ‘Ele fez isso porque eu não quis ter relação”, disse Thamires Guedes.
Na sequência, a mulher foi levada ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, também na baixada fluminense, em cima da porta da geladeira da residência, que foi arrancada para servir como maca.
A família afirma que ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e para a polícia, mas ninguém foi até a casa. A Polícia Militar (PM) informou que quando chegou no local do crime, a vítima já havia sido levada para o hospital.
Rodrigo foi preso quando tentava fugir de Queimados. Conforme a Polícia Civil, o homem já havia sido detido anteriormente por suspeita de tráfico de drogas e tentativa de homicídio, mas saiu da cadeia em março de 2022.
Em 2022, o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio. Um levantamento apontou que uma mulher é assassinada a cada seis horas no país apenas por ser mulher.
Segundo o Anuário de Segurança Pública, de 10 crimes de feminicídio, pelo menos 8 são cometidos por parceiros ou ex-parceiros das vítimas.
“Os feminicídios têm sempre o mesmo cerne: a desigualdade de gênero. Esta desigualdade, que está presente nas relações sociais, é baseada na crença de que as mulheres são subalternas aos homens e que suas vontades são menos relevantes.
A violência de gênero reflete a radicalização desta crença que, muitas vezes, transforma as mulheres em objetos e ‘propriedade’ de seus parceiros”, enfatizaram as pesquisadoras Debora Piccirillo e Giane Silvestre, do NEV-USP.