Um paciente com câncer teve remissão completa dos tumores após passar pela terapia celular CAR-T em um só mês. O tratamento está em testes no Brasil e Paulo Peregrino, de 61 anos, foi um dos 14 pacientes atendidos na rede pública escolhidos para fazer parte dos estudos.
Ele descobriu o primeiro câncer em 2010, quando foi diagnosticado com câncer de próstata. Em 2013, os médicos encontraram mais tumores na mesma região e em 2014, Peregrino precisou fazer a retirada total do órgão. Já em 2018, ele recebeu o diagnóstico de linfoma não Hodgkin e, desde então, lutava contra a doença que insistia em se alastrar.
Quando foi selecionado para o estudo seu estado de saúde era tão delicado que ele estava prestes a ser encaminhado para receber cuidados paliativos, um conjunto de práticas que visam a diminuição de sofrimento em pacientes terminais ou em estágio avançado de alguma doença.
Mas tudo começou a mudar em abril deste ano, quando Peregrino foi submetido ao tratamento de terapia celular CAR-T, uma terapia que combate o câncer com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório.
O paciente teve alta alta no domingo (28) e comemorou:
“Em abril de 2018, descobri meu primeiro linfoma. Fiz dezenas de sessões de quimios, internações, transplante de medula, quatro biópsias, tive hemorragia nas duas retinas, fui para a UTI… Inclusive médicos que consideraram milagre eu ter saído vivo de uma internação e uma cirurgia”, escreveu Peregrino em seu perfil no Instagram.
“Agora eu finalmente posso comemorar a minha terceira remissão. Obrigado, meu Deus, por mais essa oportunidade de vida”, completou o paciente com câncer que teve remissão completa graças a terapia celular.
Até o momento, os 14 pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que fizeram parte do estudo no Centro de Terapia Celular tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores.
O estudo usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O protocolo foi adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.
O método da terapia celular CAR-T modifica as células de defesa dos pacientes para, na sequência, inseri-las novamente no organismo da pessoa doente, com o objetivo de que elas se reproduzam e potencializem o combate natural do corpo ao câncer.
Ele tem como alvo três tipos de câncer: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo. No entanto, no Brasil, ainda não está disponível para o mieloma múltiplo.
Nos hospitais privados brasileiros os pacientes podem ter acesso ao tratamento de terapia celular CAR-T com um custo inicial de R$ 2 milhões por pessoa e o valor ainda pode aumentar. Mas graças ao SUS, no segundo semestre deste ano, 75 pacientes terão acesso a técnica com verba pública.