O sargento da Polícia Militar (PM) Claudio Henrique Frare Gouveia, de 53 anos, que matou dois colegas com tiros de fuzil dentro da 3ª Companhia da Polícia Militar de Salto, em Salto, São Paulo, foi condenado a 45 anos de prisão em regime fechado por duplo homicídio.
De acordo com a decisão do juiz José Álvaro Machado Marques, do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, Claudio Henrique não tem direito de recorrer em liberdade. O julgamento ocorreu na última quinta-feira (26), das 14h15 às 17h40.
Giovana Guerreiro, promotora de Justiça Militar, denunciou o réu pelas crimes de dois homicídios duplamente qualificados, por motivo fútil e pelo recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
O sargento está preso no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.
Sargento da PM mata colegas
O sargento da PM matou os dois colegas de farda no dia 15 de maio deste ano. Na ocasião, ele chegou armado no batalhão, por volta das 9h, e afirmou que iria fazer um treinamento.
No entanto, trancou a sala onde estavam as vítimas e abriu fogo contra elas: o capitão Josias Justi da Conceição Júnior e o sargento Roberto Aparecido da Silva. Segundo a promotoria, foram disparados nove disparos de fuzil contra o primeiro e quatro contra o segundo.
Após cometer crime, o sargento algemou a si mesmo e se entregou a outro policial.
Os dois chegaram a ser socorridos e encaminhados para um hospital, mas não resistiram aos ferimentos.
A motivação foi a insatisfação do sargento Gouveia com constantes desentendimentos em relação a escala de trabalho.
Como explicado pelo advogado do sargento, seu cliente afirmou que vinha sendo perseguido dentro do batalhão e que o capitão trocou a escala dele para confrontar com a de sua esposa, que também é policial militar. O casal tem um filho ainda bebê.
Depois de matar os colegas, ele chegou a gravar um vídeo no qual diz “não aguentar mais” e que “seu casamento acabou”.
Na ocasião, o defensor ainda explicou que o sargento Gouveia vinha enfrentando outros problemas dentro do Batalhão e acabou perdendo a cabeça.
Policial exemplar
O sargento era conhecido como um policial calmo, educado, respeitoso, uma pessoa boa e gentil. Ele chegou a ser entrevistado pela BBC, cerca de um mês antes do duplo homicídio, para explicar porque era considerado um dos policiais “mais gentis do Brasil” nas redes sociais.
Na ocasião, Gouveia declarou que apenas fazia o trabalho dele, seguindo o manual da Polícia Militar, e ficou orgulhoso ao contar que em 32 anos de polícia nunca havia se envolvido em nenhuma ocorrência grave.
Depois dos assassinatos, a BBC conversou com moradores da região do batalhão e todos afirmaram que ele era visto constantemente ajudando pessoas, como vizinhos e moradores de rua.
Além da gentileza, o sargento dava aulas de patinação voluntariamente no bairro em que morava e providenciava equipamentos de forma gratuita para os alunos.
