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Sertanejo Bruno pede desculpa por fala transfóbica contra repórter: “Fui totalmente inconsequente”

Bruno, da dupla com Marrone, pede perdão à repórter transexual por comentário ofensivo, mas ela rebate.

Por Renata Nicolli

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O cantor sertanejo Bruno, parceiro de Marrone, causou uma imensa polêmica na web após ter uma fala completamente transfóbica com uma repórter transexual durante um evento sertanejo na sexta-feira (12).

Na ocasião, a jornalista Lisa Gomes, da Rede TV!, estava se preparando para entrevistar o cantor quando ele fez uma pergunta sobre seu órgão sexual usando um termo pejorativo: “Você tem p*u?”

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Constrangida, a repórter respondeu: “Como assim?”. E Bruno mais uma vez repetiu a pergunta em voz alta, usando o mesmo termo: “P**. P**”.

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Sertanejo Bruno pede desculpas por fala transfóbica, mas repórter rebate

Logo após o evento, o episódio repercutiu muito, e o pedido de desculpas do sertanejo veio após três dias. Nas redes sociais, Bruno ressaltou nesta segunda-feira (15) que sua atitude foi infantil e inconsequente.

No vídeo, o cantor reconhece sua atitude e disse estar arrependido pela ação.“Estou aqui para pedir desculpas para Lisa Gomes, pelo que eu perguntei para ela. Fui totalmente infantil, fui totalmente inconsequente. Eu quero pedir desculpa, não tem como voltar no tempo. Pedir perdão para ela”, ressaltou.

No entanto, Lisa também publicou um vídeo em que fala sobre o episódio sofrido, sem mencionar as desculpas do sertanejo.

“Foi horrível o que eu passei. Foi horrível o que eu escutei, porque me levou, me trouxe novamente um lugar que eu não gostaria de estar novamente”, disse ela em seu no Instagram.

A repórter também enfatizou que se sentiu invadida e desrespeitada pela pergunta de cunho íntimo feita por Bruno, além de citar a dificuldade da jornada de transição e a importância do respeito e da aceitação no mercado de trabalho.

“Esse processo de transição é um processo muito doloroso, muito difícil, porque eu nunca soube lidar muito bem com essa questão da aceitação do corpo, tudo isso que vocês já conhecem em relação às mulheres trans (…) De uma forma mais clara, porque a gente nasce no corpo errado.

Eu me senti invadida. Senti minha intimidade exposta de uma forma como eu não gostaria que fosse. Então, tudo isso me fez muito mal, de voltar a um lugar que eu não gostaria.

E quanto vem de um artista tão consagrado, tão querido do público, porque como artista, como cantor, eu acho ele sensacional, sabe? Como cantor, assim, [ele tem] uma voz incrível.

Mas, no mais, não tem o que falar. Eu me senti desrespeitada, sim, por você, Bruno. E eu não gostaria que você sentisse isso também, porque é muito ruim.

Eu acho que você nunca vai passar e nunca vai sentir o que eu estou sentindo agora, nesse momento, que é justamente essa coisa de sentir invadida, sabe? Como mulher, como mulher trans”, afirmou.

Lisa também fez questão de ressaltar que estava no local à trabalho, e que inclusive naquele momento colaborava com a divulgação do trabalho da dupla sertaneja.

“Eu estava lá para trabalhar, eu estava lá para exercer a minha função como repórter, com todo o amor do mundo, como eu sempre faço. Eu estava lá trabalhando. Não fui me divertir, eu fui trabalhar para divulgar você, divulgar seu trabalho.

A retratação maior é reconhecer mesmo que o que fez não foi legal, que machucou, que incomodou, não só a mim, mas toda uma comunidade. Essa comunidade que busca por respeito, que busca por espaço no mercado de trabalho”, continuou.

Por fim, a profissional também agradeceu o carinho e ajuda dos fãs, e enfatizou que transfobia é crime.

“Quero aproveitar e deixar aqui um recadinho de que transfobia não é opinião. É crime e vocês precisam estar conscientes disso. Obrigada, gente. Amo vocês”, concluiu.

Conversa por telefone

A ‘retratação’ de Bruno não ocorreu apenas nas redes sociais, mas também em uma conversa de telefone diretamente com a repórter.

No diálogo, a repórter teve a oportunidade de expressar suas emoções e reforçar o impacto negativo da fala do cantor em toda uma comunidade. Ela revelou ter recorrido a calmantes para lidar com a situação e ressaltou a necessidade de conscientização e respeito.

“Quando Bruno me ligou nem esperava. Cuspi tudo que estava engasgado. Disse o quanto estava mal e tive que explicar que a pergunta que ele fez, não se faz a ninguém. Reforcei que a fala dele também foi prejudicial a toda uma comunidade.

Eu estava lá a trabalho e expliquei que precisei me medicar com calmantes desde então. Eu tenho problemas seríssimos de aceitação com meu corpo, é um processo. A fala dele me leva para esses lugares que eu trato, despertou memórias antigas”, contou ela ao jornal Extra.

A jornalista também disse que o sertanejo se desculpou por telefone e mencionou que tinha bebido antes da entrevista.

“Bruno disse que tinha “bebido umas”, estava com “umas na cabeça”. Disse a ele que por conta da bebida, ele já estava fazendo mal a ele mesmo, ao parceiro de trabalho, outras pessoas que trabalham com ele e me fez mal.

Olhe quanto mal está fazendo a bebedeira? Ele tem que escolher o que é melhor para a vida dele. O que eu escolhi para a minha foi não sofrer preconceito”.

A ligação não resultou em uma reconciliação completa. Lisa deixou claro que não poderia ser amiga de alguém com atitudes transfóbicas, e enfatizou sua determinação em não ser tratada como chacota.

“Ele me pediu desculpas, eu aceitei. Depois, perguntou se poderíamos ser amigos, neguei. Não sou amiga de transfóbicos e de pessoas que me fazem mal. Também deixei claro que não tinha condições de conversar mais com ele no momento.

As pessoas acham que podem brincar conosco, pessoas trans, como faziam antigamente. Mas eu não sou chacota para ninguém”, concluiu.

A equipe jurídica da repórter segue analisando se entrará com um processo contra o sertanejo: “Estamos estudando tudo. Mas eu não quero deixar de lado. Quero processar”.

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