Um pescador de Sfax, na Tunísia, relatou em entrevista à BBC que é comum encontrar cadáveres de migrantes em suas redes. As vítimas morrem afogadas no Mar Mediterrâneo tentando chegar à Europa em embarcações precárias e superlotadas.
Oussama Dabbebi, de 30 anos, contou que a primeira vez que se deparou com o corpo de um morto ao puxar sua rede de pesca teve medo. Mas a situação foi se tornando tão corriqueira que acabou se acostumando até que “tirar um cadáver da rede” se tornou o mesmo que “pegar um peixe”.
Conforme disse, recentemente, ele pescou 15 cadáveres de migrantes com suas redes em apenas três dias. Apesar de ter adquirido certa frieza para lidar com a situação, Dabbebi admite que chorou ao encontrar o corpo de um bebê em meio aos peixes.
A história do pescador acostumado a pescar cadáveres de migrantes é apenas um recorte da crise migratória na região, mas serve para se ter uma ideia da quantidade de pessoas que morrem todos os dias sem serem identificadas e nem mesmo entrarem para as estatísticas.
Registros apontam que mais de 27 mil pessoas morreram tentando cruzar o Mediterrâneo desde 2014. Contudo, o número verdadeira deve ser muito maior.
Atualmente, a Tunísia é o principal ponto de partida para migrantes de toda a África e partes do Oriente Médio, que fogem da pobreza e da violência, tentarem chegar à Europa.
Na última semana, uma embarcação lotada de migrantes afundou no Mediterrâneo deixando 500 pessoas desaparecidas e 78 mortos (que tiveram seus corpos localizados).
No fim de maio, outro barco que transportava cerca de 500 pessoas sumiu no mar Mediterrâneo. Na ocasião, o embarcação com os migrantes estava à deriva no mar Mediterrâneo porque o motor havia parado de funcionar. Ela encontrava-se a cerca de 400 km da ilha da Sicília e de Malta e aproximadamente 320 km ao norte do porto líbio de Benghazi.