Um homem que recebeu um transplante de coração de um porco geneticamente modificado morreu em março nos Estados Unidos (EUA). David Bennett, de 57 anos, havia feito a cirurgia em janeiro, no Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore.
Nesta sexta-feira (6), a MIT Technology Review confirmou que o homem pode ter morrido por causa de um vírus comum em suínos, conhecido como porcine cytomegalovirus.
De acordo com Bartley Griffith, cirurgião de transplantes da Universidade de Maryland, a presença do vírus pode ter contribuído com a morte de David, pois um teste indicou a presença do vírus suíno 20 dias após o transplante.
Na ocasião, o nível do vírus era muito baixo, e chegou a ser considerado como um erro de laboratório.
No entanto, de acordo com Griffith, depois de um mês após a cirurgia, novos testes mostraram que o vírus encontrado tinha sofrido um aumento. Dessa maneira, a descoberta os levaram a conclusão de que a morte do paciente pode ter sido em decorrência do agente infeccioso.
Transplante de coração de porco foi o primeiro realizado na história
À época, a cirurgia de transplante de coração de um porco geneticamente modificado foi revolucionária, e recebeu uma autorização emergencial da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA).
Ainda para Bartley Griffith, o sucesso da cirurgia deixaria a medicina mais perto de resolver a crise de escassez de órgãos.
No entanto, David Bennett, que sofria com uma cardiopatia grave terminal, sabia dos riscos associados ao procedimento, mas aceitou.
“Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última opção”, declarou ele antes da cirurgia.
Até o momento, a empresa Revivicor de medicina regenerativa, responsável pelo procedimento, não quis comentar o caso.
Porco pertencia à rebanho que passou por uma técnica de alteração genética
O porco que doou o coração para a cirurgia pertencia a um rebanho que passou por uma modificação genética para remover um gene de forte resposta imune para um ser humano, podendo causar rejeição do órgão.
Além disso, quem forneceu a modificação e o animal foi a empresa de biotecnologia Revivicor. Antes dessa cirurgia, a empresa também participou de um transplante inovador de um rim de porco para um paciente com morte cerebral.
De acordo com informações divulgadas pela mídia, o órgão doado ficou em uma máquina de preservação antes de ser usado na cirurgia.
Para o procedimento, também foi usado um novo medicamento experimental junto com outras substâncias que ajudam a suprimir o sistema imunológico do paciente, auxiliando que o coração não fosse rejeitado.