Um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) preso por matar a passageira de um veículo durante uma abordagem na Rodovia Washington Luiz, no Rio de Janeiro (RJ), foi solto após Audiência de Custódia neste domingo (18). A vítima foi identificada como Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos.
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o policial rodoviário federal afirmou que efetuou oito disparos em direção aos pneus do veículo porque o motorista não parou na abordagem. O caso ocorreu por volta das 22h do último sábado (17).
Ele alega que o condutor “acelerou, tentando fugir” e que logo depois ele e os colegas “ouviram alguns disparos de arma de fogo e se prepararam para uma abordagem de risco”. O policial, porém, não explicou de onde vieram esses disparos.
Ainda conforme o testemunho do PRF, quando a viatura se aproximou do automóvel, eles deram mais uma ordem de parada, “o que não foi obedecido pelo motorista, que tentou jogar o veículo em cima da viatura”. O policial afirma efetuou os disparos de fuzil nesse momento.
No entanto, o coletor de óleo Alexandre Roberto Ribeiro Mello, de 32 anos, marido da vítima, nega que não tenha obedecido a ordem dos agentes da PRF. Ele estava na direção do carro.
Segundo o relato de Mello, o veículo estava no meio da pista central da BR-040 quando os policiais deram ordem de parada. Ele então ligou o alerta e dirigiu em direção a um ponto seguro para encostar o carro, mas a mulher foi baleada pelo PRF antes que ele conseguisse parar o automóvel.
Em entrevista, o marido de Anne Caroline ainda contou que os agentes da PRF ficaram transtornados quando desceram da viatura e perceberam que haviam atingido a passageira. “Eles desceram e entraram em desespero, todos eles. Eles me culpando como se eu tivesse apertado o gatilho: ‘A culpa é sua, a culpa é sua. Seu merd*”, contou Mello ao G1.
Na sequência, os agentes da PRF conduziram o veículo de Mello até o hospital mais próximo. Anne Caroline chegou com vida, mas acabou não resistindo e morreu no domingo (18).
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que a corregedoria da corporação foi acionada e o agente foi afastado de suas atividades operacionais preventivamente.
Nesta segunda-feira (19), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, se manifestou sobre o caso do agente da PRF que matou a passageira:
“Evidentemente haverá punição. Já está havendo apuração desse policial também na esfera disciplinar. Não posso adiantar uma decisão, mas posso afirmar que, como polícia geral, a PRF está com a missão de enfatizar que o uso da força é legítimo até que seja proporcional à ocorrência”, afirmou o ministro.
Ele ainda completou: “Eles vão observar o uso correto da força de cada caso. A equipe vai ouvir e saber o motivo disso. Há uma narração de fuga de blitz. Então vamos saber”.