O Ministério Público dos Países Baixos afirmou que o brasileiro Begoleã Fernandes, de 25 anos, que matou o amigo Alan Lopes, de 22, em Amsterdã, na Holanda, desferiu mais de 100 facadas contra a vítima. Os golpes foram dados principalmente na cabeça, no pescoço e no tórax.
Na quinta-feira (22), Begoleã passou por uma Audiência de Custódia na qual foi determinado que sua prisão seja prorrogada por mais 90 dias. A decisão foi baseada no fato de que a quantidade de facadas dadas na vítima não condiz com a alegação de legítima defesa dada pelo suspeito.
O brasileiro que matou o amigo na Holanda foi preso em Portugal, quando tentava fugir da Europa, no dia 27 de fevereiro. Na ocasião, ele foi detido após as autoridades desconfiarem da veracidade dos documentos apresentados no aeroporto.
De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Begoleã iria embarcar com destino a Belo Horizonte, Minas Gerais, e portava cartão de identidade italiano falso, além de outros documentos em nome de terceiros.
Durante a revista, os policiais encontraram em sua mala de mão um pedaço de carne. A princípio chegou a ser divulgado que se tratava de carne humana. No entanto, nesta quinta-feira (22), as autoridades holandesas afirmaram que se tratava de carne bovina.
Brasileiro matou amigo na Holanda
Após deter o brasileiro, a polícia portuguesa entrou em contato com as autoridades da Holanda, onde Begoleã residia, e foi informada de que ele era procurado pelo homicídio do também brasileiro Alan, cometido em Amsterdã.
Em um áudio enviado a alguns amigos, ele confessou o crime e disse que assassinou o amigo em legítima defesa porque Alan era canibal e queria matá-lo para depois comê-lo.
“Ele pegou um marroquino, decepou o cara dentro do açougue, mano, igual um porco. Ele me mostrou o vídeo. E me chamou lá na casa dele para eu comer um pedaço da carne do cara. Aí, na hora que ele tentou me pegar, mano, eu tava com uma faca. Eu fui reagir e passei ele, tá ligado?”, disse o brasileiro na mensagem.
Em entrevista, a irmã de Alan disse acreditar que Begoleã poderia estar em um “estado psicótico”. “Ele pode ter tido um estado psicótico, alguma coisa ele imaginou, ele passou a acreditar naquilo. E foi onde tudo começou”, disse Kamila dos Anjos Lopes.
Segundo familiares da vítima, nos últimos três anos, Alan ajudou Begoleã por inúmeras vezes, tanto emprestando dinheiro, como doando roupas e até mesmo o acolhendo e deixando morar na casa onde mais tarde foi assassinado.
A mãe de brasileiro Begoleã também se manifestou na ocasião e relatou que certa vez o filho contou uma história desconexa sobre ter sido atacado na Holanda, que sentia medo, mas que não poderia dar detalhes sobre a situação pois ela não iria entender.
“Ele chegou a falar que foi dormir na casa de uma pessoa um dia, aplicaram uma injeção no peito dele, no outro dia ele acordou ‘zonzinho’”, lembrou a mulher.
Begoleã vivia em Matipó, interior de Minas Gerais, até 2019, quando abandonou o quarto período da faculdade de odontologia para ser lutador em Amsterdã. No país europeu, ele vivia de bicos, enquanto treinava em academias.