A Chacina no DF não para de ganhar novos capítulos desde que o crime começou a ser investigado pela Polícia Civil. O caso que iniciou com o desaparecimento de quatro pessoas da mesma família em Brasília é cercado de mistério. Seis corpos já foram encontrados carbonizados, um decapitado e outras duas pessoas entraram na lista de desaparecidos.
Tudo começou na sexta-feira (13), com a confirmação do desaparecimento da cabeleireira Elizar da Silva, de 39 anos, e três dos seus filhos – um casal de gêmeos, Rafael e Rafaela da Silva, de 6 anos, e Gabriel da Silva, 7. A mulher ainda tem outros dois filhos, um jovem de 25 e uma garota de 18 anos, frutos de seu primeiro casamento.
Elizar e as crianças foram vistos pela última vez na noite de quinta-feira (12). Na ocasião, ela foi até a casa dos sogros para buscar o marido, Thiago Belchior. A cabeleireira chegou no condomínio por volta das 23h, ficou no local por volta de 20 minutos, saiu e nunca chegou em casa.
Um dia depois, na sexta, o filho mais velho de Elizamar perguntou ao padrasto sobre o paradeiro da mãe. Thiago declarou então que brigou com a esposa e que ela deixou o local sozinha com os três filhos do casal.
Na sexta, o carro de Elizamar foi encontrado com quatro corpos carbonizados em Cristalina, município de Goiás. No sábado (14), o veículo do sogro da cabeleireira, identificado como Marcos Antônio Lopes de Oliveira, foi encontrado em chamas com dois corpos dentro em Unaí, Minas Gerais.
Nessa altura, o filho de Elizamar registrou o desaparecimento de oito membros de sua família:
- Elizamar da Silva, 39;
- o marido dela, Thiago Gabriel Belchior, 30;
- os três filhos do casal: os gêmeos Rafael e Rafaela da Silva, 6, e Gabriel da Silva, 7;
- a irmã de Thiago Gabriel, Gabriela Belchior de Oliveira, 25;
- a mãe de Thiago, Renata Juliene Belchior, 52,
- o pai de Thiago, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54.
Na terça-feira (17), Gideon Batista de Menezes, de 55 anos, e Horácio Carlos Ferreira Barbosa, 49 anos, foram presos como suspeitos. Os dois prestavam serviço para o sogro de Elizamar em uma fazenda.
Depoimento sobre a chacina no DF
Em depoimento, Horácio afirmou ter sido contratado por Marcos Antônio e por Thiago para assassinar seus familiares, no que se tornaria a maior chacina no DF dos últimos anos. O sogro de Elizamar queria ficar com o dinheiro da venda de uma casa da esposa, uma quantia de R$ 400 mil.
O suspeito ainda disse que o crime começou com Renata e Gabriela sendo mantidas em cativeiro na quinta-feira (12). Conforme ele, na sexta, Elizamar foi atraída pelo marido para a casa da sogra e foi rendida ao chegar.
Thiago e Horácio teriam então colocado a mulher e os filhos no banco de trás do carro dela e transitavam por uma rodovia – seguidos por Gideon em outro veículo – quando ela infartou e morreu. Ele destacou ainda que apenas Elizamar estava vendada e amarrada, as crianças assistiam a tudo apavoradas.
A morte antecipada atrapalhou os planos do marido que pretendia fingir um acidente. Sem saber o que fazer, ele decidiu assassinar os próprios filhos.
“Ficamos sem saber o que fazer. Foi quando o Thiago definiu que era para executar as crianças. O Thiago estrangulou o mais velho, eu, um dos gêmeos, e o Gideon, o outro”, disse Horácio à polícia.
Na sequência, eles atearam fogo no automóvel com os quatro corpos dentro e seguiram para o local do cativeiro e deram continuidade a chacina no DF.
Renata e Gabriela foram então colocadas dentro do carro de Marcos e levadas até uma rodovia onde foram estranguladas. Os corpos foram deixados dentro do veículo que também foi incendiado. Horácio não explicou se Thiago e Marcos estavam juntos nesse momento.
Mais duas desaparecidas e um corpo decapitado
Ainda na terça-feira, foi registrado o boletim de ocorrência sobre o desaparecimento da ex-mulher e da filha de Marcos, Cláudia Regina e Ana Beatriz Marques, respectivamente. O documento aponta que elas sumiram no mesmo intervalo de tempo que Elizamar e os filhos.
Na quarta-feira (18), Fabrício Silva Canhedo, 34 anos, foi preso por vigiar o local do cárcere. No mesmo dia, o corpo de um homem foi encontrado enterrado no quintal da casa que funcionava como cativeiro. A sétima vítima da chacina no DF estava decapitada e sem os dois braços.
O delegado apontou que pelo estado do cadáver, o homem havia sido assassinado entre 4 e 10 dias atrás. A Polícia Civil começou então a considerar a possibilidade de Thiago e Marcos também estarem mortos.
De acordo com o delegado Ricardo Viana, os três suspeitos presos podem ter planejado o crime para roubar o dinheiro das vítimas. A polícia ainda aguarda a identificação oficial de todos os corpos encontrados e tenta descobrir se Marcos, Thiago, Claudia e Ana Beatriz estão vivos e seus paradeiros.