Depois que oito casos de gripe aviária (H5N1) foram confirmados em aves silvestres no Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) decretou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional por pelo menos 180 dias.
A medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União, na noite desta segunda-feira (22), e tem como objetivo evitar que a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) – H5N1 chegue na produção de aves de subsistência e comercial, bem como para preservar a fauna e a saúde humana.
Segundo o ministro Carlos Fávaro, a declaração de estado de emergência zoossanitária possibilita a mobilização de verbas da União e a articulação com outros ministérios, organizações governamentais e não governamentais para evitar uma epidemia.
“Todos esse processo é para assegurar a força de trabalho, logística, recursos financeiros e materiais tecnológicos necessários para executar as ações de emergência visando a não propagação da doença”, explicou Fávaro.
A Portaria nº 587 também prorroga, por tempo indeterminado, a vigência da suspensão de realização de exposições, torneios, feiras e outros eventos com aglomeração de aves e a criação de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior.
O Mapa aponta que a medida se aplica a quaisquer espécies de aves de produção, ornamentais, passeriformes, aves silvestres ou exóticas em cativeiro e demais aves criadas para outras finalidades.
Gripe aviária no Brasil
Até o momento não foi registrado nenhum caso de gripe aviária em humanos no Brasil. No último sábado (20), o Ministério da Saúde confirmou que dois casos suspeitos aguardam os resultados de exames. Os dois pacientes são residentes do Espírito Santo, estão isolados e monitorados por equipes de saúde municipais de Cariacica.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa), os dois casos em investigação são de funcionários do Instituto Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram-ES) localizado em Cariacica, na Grande Vitória.
Enquanto isso, o Ministério descartou o diagnóstico de influenza aviária (H5N1) para outras 34 pessoas. Destas, 33 são funcionárias do Parque da Fazendinha, no Espírito Santo, onde foi encontrada uma ave infectada.
Segundo o comunicado da pasta, emitido no sábado (20), entre os 33 funcionários do parque, apenas um apresentava sintomas gripais e o resultado de seu exame para H5N1 deu negativo. Das outras 32 amostras, 30 foram negativas para todos os alvos testados e 2 testaram positivo para vírus que já estavam em circulação (Influenza A e Influenza B).
Casos confirmados
Na tarde desta segunda-feira (22), o Mapa divulgou que três novos casos positivos para influenza aviária (H5N1) no estado de Espírito Santo haviam sido confirmados. As aves silvestres infectadas são da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando) e foram encontradas nos municípios de Linhares, Itapemirim e Vitória.
De todos os casos confirmados, sete são no Espírito Santo, nos municípios de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares e Itapemirim, e um caso no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra. As aves são das espécies Thalasseus acuflavidus (trinta-réis de bando), Sula leucogaster (atobá-pardo) e Thalasseus maximus (trinta-réis real).
Como não existem casos de H5N1 na produção comercial, o Brasil continua com o status de “livre da enfermidade” perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Influenza aviária
Em fevereiro deste ano, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre os riscos de uma epidemia de gripe aviária perante o maior surto da doença registrado desde 1990.
Entre outubro de 2021 e abril de 2023, mais de 42 milhões de casos da doença em aves foram contabilizados, resultando em 15 milhões de mortes e 193 milhões de animais sacrificados.
No final de março, o Chile confirmou o primeiro caso de infecção por H5H1 em um ser humano. Até o momento, no entanto, não foi registrado nenhum caso de transmissão de humano para humano.
Vale destacar que as vacinas atuais contra a gripe protegem apenas contra as cepas H1N1 e H3N2 da Influenza.
Transmissão da gripe aviária
A gripe aviária não é transmitida para humanos pelo consumo de carne ou ovos, mas principalmente pelo contato direto com aves infectadas vivas ou mortas. A infecção também pode ocorrer por meio de água contaminada com dejetos ou restos dos animais infectados.
