Um jogador do Irã foi condenado à morte após aparecer em uma manifestação a favor das mulheres do país, que terminou com a morte de três policiais. Amir Nasr-Azadani, de 26 anos, joga pelo time Iranjavan FC e é acusado de traição. A informação foi divulgada nesta terça-feira (13).
O evento ocorreu no dia 25 de novembro e contestava a morte de Mahsa Amini. A jovem, de 22 anos, morreu sob custódia após ser detida pela polícia da moralidade porque não estava de acordo com rígido código de vestimenta feminino da República Islâmica.
Segundo a imprensa internacional, Azadani foi preso dois dias depois da manifestação e além de ser apontado como traidor, também é acusado de fazer parte de um “grupo armado e organizado que tem a intenção de atacar a República Islâmica do Irã”.
Além do jogador do Irã condenado à morte, outros oito acusados pelas mortes oficiais receberam a mesma pena.
Após a condenação de Azadani, várias personalidades do futebol árabe pediram a liberação do atleta, entre eles, Ali Karimi, ex-jogador do Bayern de Munique e da seleção iraniana.
O FIFPro, organização representativa a nível mundial para jogadores profissionais de futebol, emitiu um nota na qual se disse “chocado” e exigiu a anulação da sentença. Veja:
FIFPRO is shocked and sickened by reports that professional footballer Amir Nasr-Azadani faces execution in Iran after campaigning for women’s rights and basic freedom in his country.
We stand in solidarity with Amir and call for the immediate removal of his punishment. pic.twitter.com/vPuylCS2ph
— FIFPRO (@FIFPRO) December 12, 2022
Desde que Amini morreu, uma onda de protestos pelos direitos das mulheres tomou conta do Irã. A jovem iraniana foi presa apenas porque seu hijab, lenço típico islâmico que cobre a cabeça das mulheres, estava muito solto.
De acordo com organizações de direitos humanos, ela foi espancada pela polícia e acabou não resistindo. Testemunhas afirmam que viram a jovem ser agredida com um cacetete na cabeça.
O Irã nega, a princípio as autoridades informaram que a causa da morte foi um infarto e recentemente mudaram para uma doença cerebral.
Além das penas de morte, os tribunais do país também condenaram 400 pessoas à prisão de até dez anos pela participação nos protestos.
Segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, a repressão nos protestos causou a morte de pelo menos 458 pessoas, das quais 63 eram menores de idade.
Na última quinta-feira (8), foi realizada a primeira execução relacionada às manifestações. Mohsen Shekari foi enforcado por ter bloqueado uma rua e ferido um integrante da força paramilitar.
“Mohsen Shekari, um desordeiro que bloqueou o boulevard Sattar Khan [em Teerã] em 25 de setembro e esfaqueou um homem do Basij com um facão, foi executado na manhã desta quinta-feira”, disse a agência do poder judicial, Mizan Online.
De acordo com Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da IHR, Shekari foi “condenado à morte em uma farsa judicial, sem o devido processo legal”.