A ciência trava uma batalha para recuperar um rinoceronte “extinto”, desde que o último rinoceronte-branco-do-norte macho, chamado ‘Sudan’, foi sacrificado há cinco anos, no dia 20 de março de 2018, no Quênia. Atualmente, existem apenas duas fêmeas dessa subespécie no mundo.
Para entender o problema, é preciso conhecer a história de Sudan, que se tornou o último macho de sua subespécie em 2014, depois que o outro macho sobrevivente morreu.
Sudan passou os últimos dias de sua vida protegido por guardas armados com fuzis na reserva Ol Pejeta, no Quênia. A intenção era protegê-lo do único predador que um animal de mais de duas toneladas poderia ter: o homem, que caça os rinocerontes para vender seus chifres no mercado negro por um alto preço.
Com a ajuda das autoridades e ambientalistas, ele perdurou, mas ninguém pôde conter o avanço dos anos. Aos 45 anos, equivalente a 90 para um humano, Sudan enfrentava complicações decorrentes de sua idade avançada. O rinoceronte idoso apresentava feridas por toda a pele e sofria de doenças degenerativas nos músculos e ossos.
Apesar dos tratamentos, nas suas 24h finais, ele já não conseguia mais ficar em pé. Mesmo assim, foi com muita relutância que os veterinários admitiram que, por compaixão, o último rinoceronte-branco-do-norte deveria ser sacrificado, pois essa era a única forma de livrá-lo do sofrimento excruciante.
Depois de sua morte, restaram apenas duas fêmeas da subespécie – a filha e a neta de Sudan -, uma delas com fragilidade nos membros posteriores, inconciliável com uma gestação, e a outra com lesões degenerativas no útero.
O rinoceronte-branco-do-norte é um rinoceronte extinto?
Na verdade, o rinoceronte-branco-do-norte ainda não é considerado um rinoceronte extinto, mas está perto de ganhar esse título funesto caso o uso de técnicas de fertilização in vitro, com o material genético armazenado de vários animais, não sejam bem sucedidas.
O método de procriação assistida inédito em rinocerontes é audacioso e envolve o uso de esperma congelado de rinocerontes-brancos-do-norte e os ovócitos das duas últimas fêmeas da subespécie.
Nesse caso, os embriões resultantes poderiam ser transferidos para uma mãe portadora, mas as dificuldades das fêmeas rinocerontes-brancos-do-norte são um empecilho. Os rinocerontes-brancos-do-sul, dos quais ainda restam 20 mil exemplares selvagens, podem ser uma saída. Mas os cientistas ainda precisam desenvolver essa técnica.
“Usando tecnologias avançadas de reprodução assistida, a equipe recolheu oócitos de Najin e Fatu e criou 22 embriões brancos-do-norte usando esperma de machos de rinocerontes-brancos-do-norte falecidos. Os embriões foram criopreservados e o plano é transferir esses embriões para uma fêmea de rinoceronte-branco-do-sul”, comunicou a Ol Pejeta.
“Para além destes embriões, a equipe também conseguiu produzir células germinativas primordiais a partir de células estaminais brancas-do-norte, a primeira do mundo para grandes mamíferos. Isto abre o caminho para produzir gâmetas funcionais (ovos e espermatozóides) a partir do tecido preservado de outros brancos do norte”, completou otimista.
Em novembro de 2022, um vídeo que registrou o exato momento em que um rinoceronte acorda um cachorro em uma rua do Nepal viralizou nas redes sociais. A situação hilária aconteceu nas proximidades do ‘Parque Nacional de Chitwan’, onde a população de rinocerontes é protegida por lei e eles podem – e costumam – andar pelas ruas.