Rochas encontradas recentemente em uma caverna de Marte poderão ajudar os cientistas a entender se o planeta já abrigou vida há bilhões de anos. A descoberta foi feita pelo robô Perseverance, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).
As rochas vulcânicas (também chamadas de ígneas) foram localizadas no fundo da cratera marciana Jezero. A Nasa escolheu o local para ser escavado porque ele já foi o leito de um antigo lago abastecido pelo delta de um rio.
“Esses tipos de ambientes na Terra são lugares onde a vida prospera. O objetivo de explorar o delta e a cratera de Jezero é procurar nesses ambientes outrora habitáveis rochas que possam conter evidências de vida antiga”, disse Amy Williams, astrobióloga e uma das planejadoras da missão Perseverance.
As descobertas foram descritas em quatro novos artigos publicados na quinta-feira (5), na revista ‘Science’.
Rochas guardam segredos de Marte
Segundo os cientistas envolvidos no estudo, o que se esperava encontrar no local eram rochas sedimentares, que teriam se formado quando areia e lama se estabeleceram em um ambiente outrora aquoso. A descoberta das rochas ígneas foi uma surpresa já que não existem formações vulcânicas nas proximidades.
É provável que as rochas sedimentares mais macias tenham se desgastado ao longo de eras, deixando as rochas ígneas mais duras para trás.
Outra questão é que as rochas que os cientistas analisaram e armazenaram para serem trazidas à Terra foram alteradas pela água, mais uma evidência de um passado aquático em Marte.
“Temos organismos na Terra que vivem em tipos muito semelhantes de rochas. […] E a alteração aquosa dos minerais tem o potencial de registrar bioassinaturas”, completou Williams.
“Um grande valor das rochas ígneas que coletamos é que elas nos contam quando o lago estava presente em Jezero. Sabemos que estava lá mais recentemente do que as rochas do fundo da cratera ígnea se formaram”, explicou Ken Farley, da Caltech, cientista do projeto Perseverance e principal autor do primeiro dos novos artigos da Science.
“Isso abordará algumas questões importantes: quando o clima de Marte era propício para lagos e rios na superfície do planeta e quando mudou para as condições muito frias e secas que vemos hoje?”, completou Farley.
O robô ‘Perseverance’ chegou ao Planeta Vermelho em 18 de fevereiro de 2021. Desde então, ele trabalha na coleta de amostras de solo de Marte que deverão retornar para a Terra em 2033.
A missão tem como principal objetivo a astrobiologia, ou seja, entender as origens, evolução inicial, distribuição e futuro da vida no universo, incluindo a busca de sinais de vida microbiana antiga.
De acordo com a Nasa, trazer as amostras de rocha de Marte para a Terra irá permitir que cientistas de todo o mundo analisem os espécimes, utilizando instrumentos sofisticados, muito grandes e complexos para serem levados ao espaço.