Já parou para pensar o que acontece se alguém morrer no espaço? Emmanuel Urquieta, docente nas áreas de Medicina Espacial e Medicina de Emergência na Baylor College of Medicine no Texas, Estados Unidos, já.
O assunto foi abordado por ele em um artigo que foi publicado no The Conversation, em que ele enfatiza que poucos indivíduos morreram durante explorações espaciais em pouco mais de 60 anos.
“Dado o quão complicado é o voo espacial humano, é realmente notável como poucas pessoas perderam suas vidas até agora”, revelou.
Ao todo, conforme Urquieta, 20 pessoas morreram, sendo 14 nas tragédias dos ônibus espaciais da NASA em 1986 e 2003, três cosmonautas durante a missão Soyuz 11 em 1971, e três astronautas no incêndio da plataforma de lançamento da Apollo 1 em 1967.
A NASA planeja enviar uma tripulação à Lua em 2025, mas o que acontece se alguém morrer no espaço?
Como a NASA pretende enviar uma tripulação à Lua em 2025 – além de astronautas a Marte na próxima década – a possibilidade de um aumento nas mortes no espaço pode sim aumentar, segundo Emmanuel Urquieta.
“Voos espaciais comerciais estão se tornando rotina. À medida que as viagens espaciais se tornam mais comuns, também aumenta a possibilidade de alguém morrer no caminho”, observa.
Como médico espacial, Urquieta afirma que ele e sua equipe estão sempre trabalhando para encontrar novas maneiras dos astronautas se manterem saudáveis, mas que caso uma morte acontecesse, o corpo poderia ser enviado de volta à Terra em questão de horas.
“Como médico espacial que trabalha para encontrar novas maneiras de manter os astronautas saudáveis, eu e minha equipe do Translational Research Institute for Space Health queremos garantir que os exploradores espaciais estejam tão saudáveis quanto possível para as missões espaciais.
Se alguém morresse em uma missão de órbita baixa da Terra – como a bordo da Estação Espacial Internacional – a tripulação poderia devolver o corpo à Terra em uma cápsula em questão de horas.
Se acontecesse na Lua, a tripulação poderia voltar para casa com o corpo em apenas alguns dias. A NASA já possui protocolos detalhados para tais eventos”, explica.
Em relação a uma viagem mais longa de 300 milhões de milhas a Marte, os procedimentos seriam diferentes.
“Nesse cenário, a tripulação provavelmente não seria capaz de se virar e voltar. Em vez disso, o corpo provavelmente retornaria à Terra junto com a tripulação no final da missão, o que aconteceria alguns anos depois.
Nesse período, a tripulação provavelmente preservaria o corpo em uma câmara separada ou em um saco especial para cadáveres. A temperatura constante e a umidade dentro do veículo espacial teoricamente ajudariam a preservar o corpo”, enfatiza.
Enterro?
Em relação a Marte, se um astronauta falecer após o pouso, o pesquisador explca que a cremação seria indesejável por consumir uma quantidade significativa de energia necessária para outras necessidades da tripulação sobrevivente.
O enterro, de acordo com ele, também não seria apropriado, pois bactérias e outros organismos presentes no corpo poderiam contaminar a superfície marciana.
Dessa maneira, em relação a Marte a solução mais provável seria preservar o corpo em uma bolsa especializada, mantendo-o até que pudesse ser transportado de volta à Terra.
“Ainda há muitas incógnitas sobre como os exploradores lidariam com uma morte. Não é apenas a questão do que fazer com o corpo.
Ajudar a tripulação a lidar com a perda e ajudar as famílias enlutadas na Terra é tão importante quanto lidar com os restos mortais da pessoa que morreu”, diz o espacialista.