O segundo paciente do mundo a ser submetido a um transplante de coração de porco geneticamente modificado morreu na última segunda-feira (30), seis semanas após passar pelo procedimento. Diagnosticado com insuficiência cardíaca em estágio terminal, Lawrence Faucett recebeu o novo órgão em 20 de setembro.
Segundo os médicos responsáveis pela cirurgia, o coração transplantado apresentou um desempenho satisfatório no primeiro mês. Contudo, sinais de rejeição começaram a surgir nos últimos dias.
“Lamentamos a perda do Sr. Faucette, um paciente notável, cientista, veterano da Marinha e homem de família que só queria um pouco mais de tempo para ficar com sua amorosa esposa, filhos e família”, declarou o médico Bartley P. Griffith, do Centro Médico da Universidade de Maryland, nos EUA.
A autorização para o paciente receber o coração de porco ocorreu devido a uma aprovação emergencial concedida pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, em 15 de setembro, pelo mecanismo de uso compassivo, que é quando um produto médico experimental se torna a única alternativa para uma pessoa enfrentando uma condição médica séria ou fatal.
Muhammad M. Mohiuddin, diretor científico do Programa de Xenotransplante Cardíaco, expressou gratidão a Lawrence e sua família e destacou a valiosa contribuição do paciente para os avanços na área de xenotransplantes.
“O Sr. Faucette era um cientista que não apenas lia e interpretava suas próprias biópsias, mas também compreendia a importante contribuição que estava dando para o avanço neste campo”, disse Mohiuddin.
“Tal como aconteceu com o primeiro paciente, David Bennett, Sr., pretendemos realizar uma análise extensa para identificar fatores que podem ser prevenidos em futuros transplantes; isso nos permitirá continuar avançando e educar nossos colegas da área sobre nossa experiência”, completou o médico.
1º paciente que recebeu um coração de porco
A primeira cirurgia do tipo foi realizada em David Bennett, de 57 anos, em janeiro de 2022. Ele morreu em julho do mesmo ano, devido a uma falência cardíaca.
A cirurgia de transplante de coração de um porco geneticamente modificado foi revolucionária, e recebeu uma autorização emergencial da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA).
No entanto, David Bennett, que sofria com uma cardiopatia grave terminal, sabia dos riscos associados ao procedimento. “Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última opção”, declarou ele antes da cirurgia.
O porco que doou o coração para a cirurgia pertencia a um rebanho que passou por uma modificação genética para remover um gene de forte resposta imune para um ser humano, podendo causar rejeição do órgão.
Além disso, quem forneceu a modificação e o animal foi a empresa de biotecnologia Revivicor. Antes dessa cirurgia, a empresa também participou de um transplante inovador de um rim de porco para um paciente com morte cerebral.
De acordo com informações divulgadas pela mídia, o órgão doado ficou em uma máquina de preservação antes de ser usado na cirurgia.